É impressionante como muitas vezes
somos capazes de conduzir a vida de tal forma sem observar determinados erros
que acontecem, ainda que involuntariamente. Muitas atitudes estão desconstruindo
laços familiares e muitos outros setores de relacionamentos.
Que você Pai, ou você Mãe, separe um
pequeno momento do seu precioso tempo para ler o texto que se encontra abaixo.
Pode ser que ainda dê tempo de mudar de atitudes se as mesmas se encontrarem
desapropriadas, mesmo que sem a sua percepção. Por isso, leia-o com atenção e
reflexão.
Tive a oportunidade de ler o texto
que segue no Livro de Dale Carnegie, cujo texto é de autoria de W. Livingston
Larned, intitulado de O PAI PERDOA.(1)
O PAI PERDOA
W. Livingston Larned
Escute, filho: enquanto falo isso, você está deitado,
dormindo, uma mãozinha enfiada debaixo do seu rosto, os cachinhos louros
molhados de suor grudados na fronte. Entrei sozinho e sorrateiramente no seu
quarto. Há poucos minutos atrás, enquanto eu estava sentado lendo meu jornal na
biblioteca, fui assaltado por uma onda sufocante de remorso. E, sentindo-me
culpado, vim para ficar ao lado de sua cama.
Andei pensando em algumas coisas, filho: tenho sido
intransigente com você. Na hora em que se trocava para ir à escola, ralhei com
você por não enxugar direito o rosto com a toalha. Chamei-lhe a atenção por não
ter limpado os sapatos. Gritei furioso com você por ter atirado alguns de seus
pertences no chão.
Durante o café da manhã, também impliquei com algumas coisas.
Você derramou o café fora da xícara. Não mastigou a comida. Pôs o cotovelo
sobre a mesa. Passou manteiga demais no pão. E quando começou a brincar e eu
estava saindo para pegar o trem, você se virou, abanou a mão e disse: “Tchau,
papai!” e, franzindo o cenho, em resposta lhe disse: “Endireite esses ombros!”
De tardezinha, tudo recomeçou. Voltei e quando cheguei perto
de casa vi-o ajoelhado, jogando bolinha de gude. Suas meias estavam rasgadas.
Humilhei-o diante de seus amiguinhos fazendo-o entrar na minha frente. As meias
são caras – Se você as comprasse tomaria mais cuidado com elas! Imagine isso,
filho, dito por um pai!
Mais tarde, quando eu lia na biblioteca, lembra-se de como me
procurou, timidamente, uma espécie de mágoa impressa nos seus olhos? Quando
afastei meu olhar do jornal, irritado com a interrupção, você parou à porta: “O
que é que você quer?”, perguntei implacável.
Você não disse nada, mas saiu correndo num ímpeto na minha
direção, passou seus braços em torno do meu pescoço e me beijou; seus braços
foram se apertando com uma afeição pura que Deus fazia crescer em seu coração e
que nenhuma indiferença conseguiria extirpar. A seguir retirou-se, subindo
correndo os degraus da escada.
Bom, meu filho, não passou muito tempo e meus dedos se
afrouxaram, o jornal escorregou por entre eles, e um medo terrível e nauseante
tomou conta de mim. Que estava o hábito fazendo de mim? O hábito de ficar
achando erros, de fazer reprimendas? Era dessa maneira que eu o vinha
recompensando por ser uma criança. Não que não o amasse; o fato é que eu
esperava demais da juventude. Eu o avaliava pelos padrões da minha própria
vida.
E havia tanto de bom, de belo e de verdadeiro no seu caráter.
Seu coraçãozinho era tão grande quanto o sol que subia por detrás das colinas.
E isto eu percebi pelo seu gesto espontâneo de correr e de dar-me um beijo de
boa noite. Nada mais me importa nesta noite, filho. Entrei na penumbra do seu
quarto e ajoelhei-me ao lado de sua cama, envergonhado!
É uma expiação inútil; sei que, se você estivesse acordado,
não compreenderia essas coisas. Mas amanhã eu serei um papai de verdade! Serei
seu amigo, sofrerei quando você sofrer, rirei quando você rir. Morderei minha
língua quando palavras impacientes quiserem sair pela minha boca. Eu irei dizer
e repetir, como se fosse um ritual: “Ele é apenas um menino, um menininho!”
Receio que o tenha visto até aqui como um homem feito. Mas,
olhando-o agora, filho, encolhido e amedrontado no seu ninho, certifico-me de
que é um bebê. Ainda ontem esteve nos braços de sua mãe, a cabeça deitada no
ombro dela. Exigi muito de você, exigi muito.
Assim sendo, cabe a cada Pai e Mãe se
atentar ao comportamento que está tendo para com os filhos, para tirar proveito
das oportunidades de conceder a eles a demonstração do verdadeiro Amor, que
está muito alem das palavras, isto é, nas ações.
“Quem dentre vós é sábio e
inteligente? Mostre, pelo seu bom trato, as suas obras em mansidão de
sabedoria.” (Tg.3:13)
Deus
abençoe a todos.
1 – CARNEGIE, Dale. Como fazer amigos e
influenciar pessoas. P.50-52
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